Bem longe de Crepúsculo
Terminei de ler O Turno da Noite Vol. 1 – Os Filhos de Sétimo, do expoente autor brasileiro André Vianco. E o resultado não poderia ser outro: envolvente, conciso e bem estruturado. Vale a pena conferir.
Classificação:
Os Filhos de Sétimo, com o
subtítulo sugere, segue com a história que se desenrolou em Os Sete – primeiro
título – e Sétimo, sequência deste. Da mesma forma, como poderíamos concluir,
seria interessante, no mínimo, ter lido os dois primeiros livros antes de pegar
o Turno da Noite para matar. Por razões nada óbvias não li o primeiro título.
Mas isso não fez com que eu não conseguisse levar a cabo a leitura dos Filhos
de Sétimo, pelo contrário, talvez a tenha tornado mais interessante ainda.
A
maneira como Vianco constrói seus personagens é muito boa. É envolvente e
mágica. Se isso não quer dizer nada, basta analisá-los para saber que são,
antes de tudo, humanos. Suas ações, seu comportamento diante dos acontecimentos
que vão preenchendo as páginas do livro, suas falas, tudo isso revela
humanidade. E há palavrões, afinal de contas, ele não seria brasileiro se não
fizesse isso...
No
Turno da Noite Volume 1 os vampiros novatos Patrícia, Bruno, Raul e Alexandre
são contratados pelo misterioso Ignácio, um vampiro sábio e cheio de intenções
– se são boas ou não só saberemos com o desenrolar da história. Ao mesmo tempo
em que precisam confiar em Ignácio, os quatro sabem que devem confiar
desconfiando – é um olho no gato e um olho no peixe. Eles sabem que a qualquer
momento as verdadeiras intenções do veterano serão reveladas, e o treinamento e
todos os mimos oferecidos, cobrados. Assim, o Turno da Noite se mostra: um
grupo de jovens vampiros, sedentos, fortes, bonitos e ferozes.
Com
andar do livro Vianco estabelece uma narrativa paralela, mostrando por onde
andam as mulheres de Sétimo, Paola e Aléxia, além do casal Yuli e Marcos, que
desejam deixar São Paulo rumo a Porto Alegre. As tramas paralelas fazem com que
o livro não fique chato em nenhum momento.
Não
li muitos livros de vampiros para traçar um paralelo entre a obra de Vianco e
outros escritores contemporâneos. Mas li Crepúsculo, e a distância é evidente.
Claro que se trata de dois livros com públicos diferentes, e tramas diferentes.
Stephenie Meyer escreve sobre o amor com vampiros, e Vianco concebe ação –
ainda que ele possa mostrar o amor em seu livro sem ser meloso. Aí é que está a
superioridade do texto de Vianco. Não é porque Stephenie é americana que o
livro tem de ser melhor não! Vianco constrói uma trama envolvente e sedutora,
como um vampiro... E então ele fecha alguns pontos, mata alguns personagens, e
recomeça a te conduzir por seus meandros. Assim o livro vai seguindo, mudando
de foco e de cenário. A seguir, em problema.
A
dificuldade de Vianco em manter algum segredo que sustente a trama é evidente,
e aparece também em O caso Laura, um de seus mais recentes livros. Não li pelo
suspense, apesar de ter de concluir que seria bom se ele conseguisse criar
algum que realmente nos levasse na direção das páginas finais. A impressão que
se tem é a de que não há grandes revelações, e, pelo menos em minha leitura,
poucas surpresas. Há sim, um realismo fantástico que beira o “real”, e atende
perfeitamente a todos aqueles que buscam livros atuais de verdadeiros vampiros,
vampiros às antigas, sem purpurina nem reunião familiar que lembra mais a
concentração de uma escola de samba antes da entrada na Sapucaí.
Se
bem que um bom samba caberia direitinho no livro de Vianco.
Sem mais delongas, vale a pena
conferir, e só não aplaudi de pé por conta da falta de um grande segredo, ou no
mínimo uma revelação que realmente nos surpreenda.
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